Fonte Eduardo Hirata
Os Conselhos Municipais, conforme a
definição legal, a partir da Constituição da República, artigo 204, são órgãos
públicos, da seara do “Controle Social das Políticas Públicas Municipais”, com
atribuições de planejamento e formulação, acompanhamento-monitoramento e
fiscalização, avaliação e “controle”.
E são (seriam) 19-dezenove-!, segundo a
Vereadora Maria de Fátima Silva Camelo, Presidenta da Comissão de Assistência
Social da Câmara Municipal, que promoveu a reunião histórica. Destes
dezenove, dez atenderam ao convite do parlamento mirim, seis não compareceram
sequer justificaram ausência (vejam nota na coluna “Informe DCA”, desta
edição do “JMA”) e três (Etnia, Juventude e Segurança Comunitária) teriam
sido aprovados pela Câmara, no final de 2013, mas não sancionados pela Prefeita
Gleide Santos.
E observem que ainda tem(teríamos,
dúvidas atrozes...) os Conselhos do Consumidor, Habitação Popular,
Desenvolvimento Rural Sustentável, Trabalho... Significa dizer, como se queixam
a maioria dos(as) politiqueiros(as) e gestores(as), “... é conselho demais,
prá tudo quanto é canto, só prá atrapalhar, não sei prá quê esses conselhos...”.
E foi justamente para desencadear um
processo sério, cidadão e republicano/democrático, na tentativa de definir na
prática o que são, se papel institucional, para que servem, como se compõe,
como (devem) funcionar e ser mantidos, como estão e como melhorar e cumprir
suas obrigações e responsabilidades, que a Comissão de Assistência Social da
Câmara Municipal de Açailândia, através de sua Vereadora Presidenta, convidou
os conselhos municipais para esta reunião, realizada na manhã da terça-feira,
25.
Em meio aos relatos de muitas
dificuldades e problemas que impedem o bom funcionamento e o efetivo
cumprimento de suas atribuições, a falta de compromisso, de formação e
disponibilidade dos(as) conselheiros(as), a maioria pelo que seu viu, absolutamente
despreparados(as) para esta função, definida pela lei como “relevância
pública”; o descaso da gestão municipal com a estrutura (pessoal,
equipamentos, transporte, material de expediente, recursos financeiros), e
por aí afora...
Duas recentes “eleições” de
conselheiros(as) – Assistência Social e Direitos do Idoso- teriam tido “pequenos
problemas”, o que de certa forma demonstra o desconhecimento tanto do
governo como da sociedade sobre o verdadeiro e legítimo papel dos conselhos.
A falta de recursos é de assombrar:
conselhos sem sede, sem pessoal (apoio administrativo, assessoria) – chegando
ao ponto de todos os seis conselhos da política de assistência social ter um
único assessor, o que foi mencionado por não ter comparecido- sem
equipamentos, sem papel e material de expediente, sem comunicação (telefone,
internet) e transporte, enfim, sem condições mínimas para um funcionamento
digno, decente, como deve(ria) ser... como disse uma participante: “... se o
conselho não consegue sequer ‘controlar’ seu próprio funcionamento, vai dar
conta de controlar a sua política?...”. A uma pergunta “quem é o
presidente do conselho de saúde? A resposta foi “o próprio gestor, secretário
de saúde Denison Gigante”, o que
suscitou discussões, com a colocação do Major Eurico Alves, de que para os
Conselhos de Segurança Comunitária, gestor(a) não pode ser presidente(a)...
Mas em meio a um “tsunami” de
reclamações, queixas e reinvidicações, três conselhos disseram que por lá as
coisas estão bem, funcionando “nos conformes”, como diz o povo: os
conselhos do CACS-FUNDEB, Educação e COMUCAA...
Mas nem tudo foi “coisa ruim”
nesta reunião histórica dos conselhos, saindo boas propostas e conclusões: a
consciência de que sem a garantia de recursos- orçamento- , não há política
pública, daí a essencial e fundamental atuação dos conselhos no ciclo
orçamentário; um rigoroso processo de escolha dos(as) conselheiros(as) ,
com formação rigorosa prévia como acontece (deveria acontecer...) para a
escolha de conselheiros(as) tutelares; a formação continuada obrigatória; o
reconhecimento da ‘relevência pública’, propiciando as condições
materiais e financeiras para que os(as) conselheiros(as), sobretudo
representantes da sociedade civil organizada, exerçam suas funções; a parceria
com a Câmara, o Ministério Público e os órgãos de controle internos e externos;
a atuação em rede, em bloco, nas questões comuns, fortalecendo o sistema de
garantia de direitos, e a necessidade de um “fórum de conselhos/controle
social”.
No geral e no final, um sentimento
unânime de que “do jeito que tá, é que não pode ficar”, como
disse Du Vale, representante da Pastoral Carcerária: “... pior do que não
existir o conselho, é existir e não saber o que fazer...”.
E encerro com o dito por uma
participante conselheira: “... como você gosta de usar ‘é a treva’,
Eduardo, eu te digo: a situação pros conselhos tá uma treva, mas há luz no
final do túnel...”
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